quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Envelhecimento e Andropausa



Em dados fornecidos, recentemente, o IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatística informa que o número de idosos crescerá de forma acentuada em nosso país, pois “a população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira). As mulheres são maioria, 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 de estudos”. Ressalta, ainda, aquele instituto que 14.536.029 dos idosos vive nas grandes cidades.

Considerando essas informações oficiais, estive refletindo em nosso envelhecer... Fico me perguntando se estamos preparados para envelhecer. Em geral a maioria de nós entende os velhos da seguinte maneira: “Os idosos são observados como se fossem seres completamente estéreis e que não mais servem para expressar a sua subjetividade. Esta situação apresenta-se como um preconceito ou em outras palavras como um estigma. Naturalmente que esse idoso já pesaroso por encontrar-se biologicamente envelhecido irá sentir-se frustrado por perceber dificuldades para se mostrar como cidadão no seu grupo social.”

Ao analisar estas situações, Moragas (1991) afirma que: “a velhice não é uma doença em si mesma, mas a probabilidade de adoecer durante a velhice e de que a doença deixe seqüelas no organismo é muito maior do que em outras etapas da vida”(1991,p.32). Assim, portanto, percebe-se que as alterações observadas pela sociedade em geral sobre a capacidade do velho de interagir no seu meio social tem toda uma explicação anatomo-fisiologica, porém, na maior parte das vezes, essa mesma sociedade estabelece critérios para classificá-lo: se tem ou não capacidade para interagir com o meio social a partir de preconceitos previamente estabelecidos por essa mesma sociedade. Com isso percebe-se que as alterações psíquicas e de comportamento já ficam como que incutidas no parâmetro emocional do indivíduo que chega nesta fase da vida, pois o mesmo crê que, estando velho, está inválido.

Considerando que existem muitos textos que falam da saúde do idoso, modo geral sobre a saúde da mulher na terceira idade, achei por bem lembrar que os homens também envelhecem e, que também, se ressentem nesta fase da vida desses processos. É muito clara a situação de sua vida sexual em especial.

O Dr. Eduardo Lambert cita que essa fase é a chamada “crise do homem”, um fenômeno de ordem psicossocial e cultural que ocorre a partir dos 45 ou 50 anos e se prolonga, pelo menos até os 60 anos, quando, se centraliza a temática deste problema, principalmente se o homem não obteve orientação e não conseguiu da vida tudo o que quis realizar, ou seja, seus objetivos e ideais, baixando a sua autoconfiança e sua auto-estima e detonando um processo de culpa que, às vezes, gera uma inevitável e conseqüente condenação a não ser mais o mesmo.

Em qualquer idade, o homem pode ter distúrbios do desejo sexual, da ereção e da ejaculação, mas, uma falha sexual de qualquer destes tipos, que caracterize uma impotência orgástica, pode fazer surgir a indesejável e amedrontadora idéia do “estou ficando velho, tudo acabou”, o que na realidade, mostra um despreparo do homem por falta de conhecimento desta tão importante fase da sua vida, devido aos mitos, preconceitos e à falta de informação, que pode acionar fatores psicológicos desencadeantes do mito de que “está chegando a hora” e não de que é um “problema da idade” que merece uma boa orientação e um tratamento adequado.

Muito embora a espermatogênese vá até uma idade avançada, ou seja, a capacidade reprodutiva do homem vá até 80 a 90 anos ou mais, de repente, o homem descobre no espelho que as rugas aumentaram, as entradas na testa se alongaram, as gordurinhas se localizaram, a barriga ficou proeminente e, nem dá para enxergar o órgão sexual ou mesmo os pés... Mas existem muitos homens que, para se desvencilhar de suas obrigações afetivas usam o pretexto de que “estou cansado, é a idade”. E outros, que se sentem privados de sua liberdade de sair, de ficar com os amigos, quando a mulher quer controlar suas vidas, estes deixam acontecer a Andropausa para se verem livres de suas mulheres, mas, a verdade, é que ao não exporem os seus verdadeiros sentimentos, acabam se prejudicando, deixando de viverem bem consigo mesmos, esquecendo-se de que a sexualidade é como o vinho, quanto melhor praticada melhor se torna o prazer.

E os sintomas característicos dessa fase do homem são o cansaço, a diminuição do tônus muscular, a diminuição da força, a diminuição da audição e da visão, a depressão, a diminuição do interesse sexual, a dificuldade de ereção, a falha da ereção, a falha da ejaculação, o atraso da ejaculação, relações deficientes ou incompletas, a perda progressiva da memória com esquecimentos freqüentes, insônia, perda da potência sexual, excessiva transpiração, alteração do humor, irritabilidade, insegurança, depressão, sentimento de solidão e a redução da autoconfiança e da auto-estima.
Como, aparentemente, não há mudanças hormonais significativas, toda esta gama de sintomas ocorrem também devido aos fatores psicosocioculturais que somente à sutil diminuição da testosterona, o hormônio masculino, cuja queda ocorre lenta mas progressivamente, à monta de 1% ao ano até chegar ao limite inferior da normalidade e também à sutil baixa da androsterona. Não se deve esquecer que o processo de envelhecimento está muito relacionado à arteriosclerose, enfermidade que atinge todo o sistema vascular arterial, endurecendo e diminuindo a luz dos vasos, diminuindo o aporte sangüíneo e a oxigenação e, conseqüentemente a nutrição do organismo em geral.
Autor:
Fabricio Menezes
Psicólogo e Analista RH


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