quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE A FOFOCA

Boa Noite!
Este artigo jornalista foi publicado no link vinculado no título acima. Clicando nele voce irá ler o texto original da GLOBO.COM

"A fofoca pode ter uma função social das mais importantes. E não estamos nos referindo só ao entretenimento que a prática proporciona aos desocupados. Um experimento conduzido por pesquisadores alemães e austríacos sugere que falar da vida alheia ajuda as pessoas a saber quem é confiável e quem não é dentro de um determinado grupo -- tanto que as pessoas podem ter suas opiniões mais influenciadas pelas fofocas do que por fatos que elas próprias presenciaram.
A descoberta está numa pesquisa na última edição da prestigiosa revista americana
"PNAS" . A equipe liderada por Ralf D. Sommerfeld, do Instituto Max Planck de Biologia Evolutiva (Alemanha), estudou o impacto de uma forma controlada de fofoca sobre a reputação de 126 universitários, todos cursando o primeiro semestre de biologia, e chegou a conclusões no mínimo curiosas.
Os estudantes de biologia, oriundos de três faculdades na Alemanha e na Áustria, participaram de um jogo de computador que valia dinheiro, divididos em grupos menores. O experimento é uma variação de uma série de outros estudos, cujo propósito é investigar como os comportamentos aparentemente generosos e altruístas aparecem na sociedade humana.
No jogo de computador, todos os participantes começam como anônimos. Cada um deles recebia uma quantia fixa no começo (10 euros, no caso do experimento em questão). A partir daí, os estudantes tinham a opção de apertar duas teclas, "sim" ou "não". Se apertassem o "sim", ficavam com 1,25 euro a menos, enquanto um parceiro de jogo recebia 2 euros; se escolhessem o "não", ficavam com todo o dinheiro recebido originalmente.
Ora, o raciocínio dos que estudam a origem do altruísmo entre humanos é o seguinte: em interações simples, nas quais cada pessoa só lida com cada uma das outras numa única ocasião, ninguém tem muito incentivo para ceder nada ao outro. É claro, se todo mundo cedesse o valor mínimo, todos ficariam no lucro (2 euros menos 1,25 euro = saldo positivo de 0,75 euro), mas como saber que o parceiro é de confiança e que, além de receber o que você está dando, também daria a sua parte em vez de ser fominha e ficar com o valor total somado?
Contudo, se as interações se repetem várias vezes, e as pessoas passam a descobrir quem é generoso e quem é fominha, o altruísmo passa a valer a pena, pois os participantes com fama de generosos tenderão a ser os preferidos. Tecnicamente, esse sistema é conhecido como reciprocidade indireta -- ser altruísta passa a valer a pena porque a fama de generoso de alguém lhe traz vantagens.
Fofoca "do bem"
E onde entra a fofoca nessa história? Bem, os pesquisadores germânicos deram um jeito de inseri-la de forma mais educada -- por escrito. O que acontece é que, no jogo deles, além dos parceiros interagindo entre si e ganhando ou perdendo dinheiro, havia também um observador, que acompanhava por várias rodadas o comportamento dos parceiros, vendo quem era generoso e quem era fominha.
Esse observador, depois, podia contar para os futuros parceiros dos jogadores qual era o seu estilo de participar da brincadeira. A primeira conclusão tirada das fofocas é que, na maior parte das vezes, ela foi surpreendentemente confiável: valia a pena prestar atenção nela na hora de interagir com os jogadores.
O mais maluco, no entanto, foi quando as pessoas tinham acesso tanto à fofoca quanto aos dados matemáticos do grau de confiabilidade da pessoa que era alvo da fofoca. Nesse caso, se a fofoca era favorável a essa pessoa, o outro jogador tendia a tratá-la melhor, mesmo que os dados brutos mostrassem que ela não era tão confiável assim -- e vice-versa.
Os pesquisadores ainda não têm certeza sobre as razões desse efeito curioso, mas é possível que as pessoas tenham uma tendência natural a usar a opinião de outros membros de seu grupo social como forma de calibrar seu próprio comportamento, de forma que a fofoca no jogo "soa" como uma bússola mais fácil de seguir do que os simples dados"
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