Estou apresentando mais um texto elaborador por mim enquanto exercício para o ato de escrever trazendo aspectos conceituais de psicologia. Este material fora produzido na época da faculdade e revendo-o hoje creio que os aspectos gerais em torno do comportamento ansioso ainda é o mesmo. De qualquer maneira gostaria que você fizesse uma análise do conteúdo e retornasse com alguma observação, crítica... Aguardo o seu retorno.
Estamos vivendo um momento muito delicado em nossas vidas, pois, somos constantemente submetidos a uma onda de informações que procuram de certo modo descaracterizar a nossa existência. Essas noticias implicam na mudança de nosso comportamento, de nossa forma de pensar e até mesmo na de agirmos.
Quando sentimos que não nos adequamos a esses comportamentos que nos são impostos, surge em nós um vazio interior, às vezes uma tristeza e ainda, uma espécie de ansiedade.
É característico do ser humano procurar a sua felicidade, no entretanto, a questão da felicidade passa por aspectos estritamente pessoais, os quais foram alimentados pela família, pela mídia., pela sociedade. Para muitos de nós, felicidade será termos luz elétrica em casa, carro do ano, telefone celular, estar bem empregado, ter filhos, estar plugado na internet, poder viajar etc...além do que, a posse desses bens proporciona status social.
Quando não possuímos esses bens começamos a sofrer, e passamos a perceber que este tipo de felicidade foge de nossas mãos constantemente.
A partir dessas preocupações ficamos atormentados, apresentamos um quadro de ansiedade, o qual poderá até comprometer nossa saúde física e mental. Isto tudo gira em torno de procurarmos possuir as coisas em grande quantidade e, em sermos diferentes daqueles que se encontram ao nosso lado. Este sentimento ainda prevalece, pois, sempre nos consideramos melhores que os outros.
A Dra. Karen Horney, psicanalista, descreve em seu livro intitulado A Personalidade Neurótica do Nosso Tempo, publicado na década de 30, que a ansiedade “constitui uma advertência implícita de que há algo desarranjado em nosso íntimo(...)” e que procuramos escapar desse sentimento utilizando-nos de mecanismos internos que procuram negar de diversos modos esses tormentos íntimos e essas nuançes de ansiedade sempre presentes em cada um de nós.
Ainda informa Dra Karen Horney que desenvolvemos um processo interno de ansiedade que ela chama e Ansiedade Básica que representa “tudo o que perturbe a segurança da criança em relação a seus pais(...)” A partir dessa conceituação poderemos perceber que esses processos de ansiedade e de tormentos íntimos também são favorecidos pela ação dos pais em relação aos filhos a partir do tratamento emocional dado às crianças. Daí termos diversas crianças ansiosas, as quais utilizam como estratégias, a partir do seu inconsciente, determinados comportamentos para se defenderem dessa ansiedade, quais sejam, o de tornar-se hostil, submissa, lamurienta, dominadora.
A partir desse contexto tornamo-nos adultos que possuem uma sensibilidade exagerada, e utilizando-nos dos conceitos colocados pela Dra. Karen Horney, passamos a ter um comportamento neurótico que vai exigir dos outros uma grande dose de afeto e aprovação para resolver as nossas ansiedades e tormentos íntimos.
Como exemplo teremos a necessidade neurótica de um parceiro do qual possamos depender, em outras palavras, tornamo-nos um parasita do outro, pois, temos medo de sermos abandonados. Ainda, desenvolvemos outros tipos de comportamento neurótico tais: necessidade neurótica de poder, de explorar os outros, de prestigio, e de admiração pessoal.
O jornal a Folha de São Paulo publicou no decorrer do ano de 1998, uma pesquisa realizada no período de 1958 até 1997, organizado pela Faculdade de Medicina de Londres, onde foram analisadas 6.574 pessoas nascidas na mesma semana e, foram identificados na avaliação geral desta pesquisa, que várias famílias no decorrer desses anos, passaram por várias crises, as quais levaram a processos de divórcio, de clima tenso na família e, ocasionando quadros de stress naqueles que conviviam nesses ambientes.
Esses quadros de ansiedades e de aflições íntimas demonstraram que muitas daquelas crianças que viviam nesses lares possuíam uma estatura física menor, uma dificuldade de aprendizagem e de memória e dificuldades no desempenho escolar. Um fato muito interessante citado na reportagem foi a utilização de uma estratégia político educacional adotada nos EUA após a análise deste trabalho que primava pela conscientização dos adultos quanto ao seu papel social, o incentivo a manter-se em diálogo com os bebês, e a procurar evitar conflitos e violências familiares.
Muitas vezes na condição de simples mortais, desejamos a todo custo conquistar a paz do coração, a qual chamaríamos neste momento de imagem idealizada, conforme cita Dra. Karen Horney. Porém, estamos envolvidos por tantos problemas pessoais, que se verificarmos mais detidamente, observaremos que temos uma realidade adoecida.
Queremos nos sentir melhores, sem problemas pessoais, sem conflitos, sem ansiedade, porém, não conseguimos, pois há um contra-senso entre aquilo que desejamos e aquilo que somos em realidade. Como nos diz Dr. Alfred Adler, temos um objetivo de vida – conquistar a paz do coração – porém, o nosso estilo de vida, ou seja, nosso comportamento não condiz com aquilo que desejamos alcançar.
Em verdade falta-nos um ideal. E , para quem não possui um ideal na vida, resta o sentimento de perda, de solidão, de medo, de ansiedade etc. Se conseguirmos trabalhar em nós a questão do apego, da posse e, ainda tornarmo-nos criaturas mais compreensíveis consigo próprias, procurando perceber os seus limites e, assim programando a sua existência para que lhe favoreça momentos de crescimento interior e compreendendo que tudo na vida passa e o que subsiste aos valores materiais são as conquistas verdadeiras do nosso ser, decerto, esses momentos de apatia, de tristeza, de tormentos íntimos e de ansiedade desaparecerão paulatinamente.
É verdade que o processo de ansiedade poderá estar subsidiado por outros processos de cormobidades não percebidas conscientemente e para estas situações nada melhor que ir ao encontro de profissional habilitado para ajuda-lo.
FabricioMenezes
Psicólogo e Analista RH
2 comentários:
Olá!
Muito bom seu texto!
Parabéns!
Abraços.
Seu texto é realmente muito bom. Gostaria de compreender melhor, entretanto, sobre o seguinte: Em termos de RH, quando o pessoal da organização lança sobre o psicólogo a expectativa de que ele vá resolver todas as demandas que se apresentem isentando-se de culpa, responsabilidade ou compromisso em qualquer processo mórbido, ou disfuncional que se aoresente. Isto é devido à "ansiedade básica"?
Por favor, escreva um pouco sobre este assunto.
Postar um comentário